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KUNG-FU
KUNG-FU

                        

 

Genericamente, o termo Kung Fu pode ser traduzido como “tempo e esforço desprendido numa atividade” ou grau de perfeição alcançado em qualquer área de atuação” ou ainda “conhecimento profundo de um assunto”. Essa descrição se encaixa nos rigores envolvidos no aprendizado e prática das artes marciais chinesas. De um estudante de Kung Fu se espera a prática diligente. Esta deve envolver fé, resistência, e muitas cansativas e, às vezes, dolorosas horas de treinamento. Combinando isso a altos padrões de moral, caráter e disciplina mental, dão ao estudante um caminho muito árduo a seguir. Existem outros termos nas artes marciais chinesas: "ch’uan shu"(primeira arte), "wu shu"(arte marcial), "kuo shu"(arte nacional). Porém, nenhum desses termos conseguiu ser tão popularizado e conhecido como o "Kung Fu".

 

 O Kung Fu não é simplesmente conhecido como uma forma saudável de exercícios físicos e sistema de defesa pessoal altamente eficientes mas, também mostra ser um benefício mental e espiritual ao praticante. O corpo de um indivíduo não pode agir sem a interferência da mente, e a mente deve ser orientada a acalmar o espírito. A prática do verdadeiro Kung Fu exige que os ensinamentos influenciem no dia-a-dia (modo de vida integral), em cada aspecto da vida do praticante. O Kung Fu une mente, espírito e corpo. Habilita ações harmoniosas entre os elementos da vida de um ser humano.

 

 A identidade do Kung Fu é complexa. Sua origem data de aproximadamente 3.500 anos, porém alguns estudiosos afirmam que o Kung Fu data do séc. VI. Acima de 1000 estilos são conhecidos e reconhecidos de onde mais de 300 são catalogados. Surgiram do Kung Fu, o Karatê, Tae Kwon Do, Esgrima, Aikidô e muitas outras. Estas novas formas de luta foram criadas a partir de uma vertente do Kung Fu ou de um determinado estilo ou técnica, de onde, buscou-se trabalhar, conservar, e até mesmo adaptar características de um determinado conjunto de movimentos, estilos, ou todo um conjunto de técnicas e ou formas de defesa ou ataque dando origem a uma nova luta. O Jiu-Jitsu, por exemplo, se originou da técnica Shaolin C’hin Na. O Karatê, teve origem com mais ênfase, no estilo do Tigre.

                                                       

 Esta arte requer de seu adepto um esforço extremo de disciplina no que se refere a comportamento físico e mental. Isto é apenas um item genérico de muitos outros em que se pode dissertar a respeito do Kung Fu que é muito mais do que uma luta.

 

 Após anos de prática dirigida, esses monges se tornaram mais do que simplesmente adeptos das formas de sobrevivência, porém, a aceitação e a escolha para se tornar um membro, era difícil.

 

 Como jovens meninos, a aplicação para se tornar um membro do selecionado grupo de alunos, era composta de tarefas fáceis e difíceis do trabalho relacionado à manutenção dos Templos. Sua sinceridade e habilidade em manter os segredos da ordem Shaolin eram severamente testadas por anos a fio antes de se divulgar os mais importantes e preciosos segredos. Uma vez aceitos pela ordem superior do Templo, sua entrada no Kung Fu era considerada como uma porta de entrada para um novo mundo. Ele trabalharia por longas horas treinando o corpo e a mente para trabalhos em equipe e em esforços coordenados. Ele aprenderia os princípios do combate, o Caminho de Tao, e juntos, iriam assegurar seu caminho da Paz.

 

Seriam ensinadas inicialmente as primeiras técnicas básicas utilizando os punhos (socos), formas pré-definidas que simulavam múltiplos ataques. Estas formas se tornavam mais complexas de acordo com o avanço do aprendiz, que em paralelo, estudava Taoísmo.

 

 Completado o estágio de estudante, ele se tornava um discípulo. Iria então, estudar os segredos mais profundos das artes e filosofia. Armas de todos os tipos iriam se tornar familiares a ele, assim como armas de ataque e defesa. Ele iria aprimorar seus movimentos para harmonizar com sua respiração. Sua mente iria esvaziar nas profundezas da meditação e iria melhorar sua energia Ch’i (conceito de magnitude e plenitude mental.). Somente canalizando essa energia, pode uma pessoa de pequeno porte físico, aprender a quebrar tijolos com suas mãos nuas, ou aprender a sentir os movimentos de seu inimigo no meio da escuridão.  

 

                 

Movimentos essenciais no Kung Fu são ações comandadas por Ch’i. Compare os movimentos de um adepto de Karatê e um adepto de Kung Fu. As diferenças são obvias e notórias. O Karateca se move deliberadamente, forçosamente, cada movimento é único e distinto do outro. Ele soca linearmente e chuta em linha reta, mantém seu corpo rígido como o ferro. O Kung Fu, por sua vez, é suave nos movimentos, permitindo vários movimentos em um único que segue uma seqüência lógica e harmoniosa. Em suma, Kung Fu é fluído.

 

 Ch’i corretamente coordenado permite fluidez. Considere uma simples gota d’água, sozinha ela é inofensiva, gentil e sem força, porém, o que no mundo pode conter a força de um dilúvio, o conceito de Ch’i é o mesmo. Tocando as energias universais, um aumenta a origem das habilidades de outro. Como pode alguém ferir um adepto de Kung Fu, quando é incapaz de atingir um corpo formado de água.

 

 Após examinar rapidamente a estrutura do Kung Fu, pode surgir uma dúvida de que seu conceito principal e verdadeiramente um conceito de uma arte refinada. O Kung Fu necessita de uma tremenda "bagagem" de informações e disciplinas que deixariam desbancados nossos estudantes liberais de artes. Os antigos Shaolin eram desenvolvidos nos seguintes tópicos, entre outros: Medicina, música, artes, fabricação de armas, religiões, criação de animais, cartografia, línguas, história, e é claro, Kung Fu.

 

 O adepto deveria ser mais do que uma simples máquina de lutar. Ele deveria saber como, onde e porque entrar numa luta e, até mesmo, de maior importância, a como evitar o conflito. Somente com uma habilidade imbatível de um monge ele estava seguro o suficiente para não sentir necessário à luta.

    Havia um sistema de graduação utilizado: iniciante, discípulo e mestre. O iniciante (novato ou nível de estudante), era o servente. Somente ensinamentos básicos e rudimentares do Kung Fu chegavam ao seu conhecimento.

 Discípulos, no entanto, eram considerados seminaristas (monges iniciantes), tendo no entanto que progredir ainda à condição de mestres. A graduação de Mestre somente era atingida por muito poucos. Normalmente era atingida gradualmente com o avanço da idade.

 

 O primeiro obstáculo que um discípulo iniciante deveria passar para ser aceito na comunidade era o teste de graduação. Uma série de testes orais e exames práticos, que culminavam no teste do túnel. O candidato era conduzido a um corredor que possuía comunicação com o exterior. Neste corredor, existiam armadilhas, todas letais e imprevisíveis. O Discípulo deveria vencer todos os obstáculos de onde não havia como retroceder, não havia saída, a não ser o sucesso. Muitos nunca começaram esta viagem; poucos a terminaram. O adepto que obtivesse o sucesso através das armadilhas mortais, se depararia com um último dos obstáculos; uma grande urna de metal em forma de jarro, repleta de partículas de ferro, havia um emblema, diferentes para cada templo, normalmente um Dragão e um Tigre. O jarro deveria ser movido de um pilar baixo, de um lado para outro, usando-se os antebraços nus, desbloqueando assim a saída. Isto tendo sido feito, o discípulo, estava então marcado para sempre com os emblemas do Sacerdote Sil Lum. (Shaolin).

 

 Muitos discípulos deixariam os Templos onde seriam encaminhados através do país, como médicos, oradores nas leis e religiosidade e guardiões dos pobres. Alguns retornariam aos templos tendo a incumbência de preparar a próxima geração de discípulos. O ingresso acontecia em torno dos cinco e sete anos de idade.

 A graduação acontecia ao atingir a idade de pelo menos 22 anos e cada passo fazia parte de uma vida longa e dura. A variação de estilos nas artes marciais chinesas existe graças a vários fatores. Em primeiro lugar, alguns monges, não eram satisfeitos com uma "única" verdade, e criaram melhorias ou variações nos antigos padrões. Algumas artes tiveram origem em exercícios provenientes da Índia, enquanto outras, foram influenciadas por alguns aspectos da luta livre Grega, portanto, deixando a desejar.

 

 Alguns, após deixarem os Templos, ensinaram a arte a pessoas comuns acrescentando novos movimentos criados a partir de sua própria iniciativa ou até mesmo melhorias em algum estilo de sua preferência.

 

 Pessoas comuns, ensinadas pelos monges, adaptariam esses ensinamentos à sua vida diária. Hoje, existem poucos mestres ou gerações de mestres que tiveram a rara honra e oportunidade única de aprender com um Sacerdote Shaolin ou discípulos diretos.

 

 A harmonia que deve existir num praticante de Kung Fu, também deve ter origem na ‘escola’ de Kung Fu, da escola para o aluno e do aluno para a sociedade. Na ‘escola’ de Kung Fu é ensinado ao aluno; o respeito ao próximo, respeito aos instrutores, e a sociedade em que vivem. Em todos os estudantes, repousa a responsabilidade no cuidado com o próximo e com a ‘escola ‘ de Kung Fu e dessa forma age como uma família. De fato, na tradição chinesa, os membros de uma ‘‘escola’ são denominados ‘irmãos’ e ‘irmãs’. O ‘mestre’ visto neste contexto, é o ‘pai’ da ‘escola’ e recebe mais respeito do que um professor.

A saudação Kin Lai

A "saudação tradicional" do Kung Fu é denominada Kin Lai, devendo ser executada com ambas as mãos, sendo: a direita fechada (representando o Sol) e a esquerda aberta (representando a Lua) por cima da outra mão.O "sol" e a "Lua" formam um novo caractere denominado Ming (明) Significando Clareza ou esclarecimento. Principalmente nas escolas do sul da China, isso denominava que os artistas marciais eram contra a opressão marxista da época.

 

Esta saudação é feita para indicar respeito e equilibrio para com o oponente.

Usar a inteligência (mão esquerda em palma) é mais eficiente do que usar o punho (mão direita fechada).

Outra saudação utilizada principalmente no Brasil é a palavra Tinindo, no qual a mão esquerda fica aberta com dedo polegar fechado e mão direita fechada, a mão esquerda aberta mescla 4 principios básicos e a humildade (polegar abaixado como uma pessoa se curvando) e a mão fechada significa a força, porque a força sem os 5 príncipios não é nada.

Objetivos e Benefícios

Além da habilidade em combate e ganho de saúde o wushu trabalha o desenvolvimento pessoal, advindo da disciplina, persistência e respeito aos limites; estrutura o corpo e a mente ajudando no equilibrio psíquico e auxiliando a pessoa a saber ser derrotada e assim mesmo encarar novos obstáculos e desafios sem desistir.

Treinamento

O Wushu pode ser praticado por adultos, idosos e crianças de ambos os sexos dependendo do estilo. Combina ginástica completa de todo o corpo, na maioria das vezes seqüências de movimentos, chamados de Taolu ou formas, conhecidos vulgarmente como katis no Brasil, dada à influência do termo "kata", usado no Karatê.

 

                                                  

Alguns estilos incluem treinamentos em armas chinesas, como bastão (gun), facão (dao), espadas (jian), lança (qiant) entre outras.

Se bem desenvolvido, possibilita um equilíbrio corporal total, buscando a paz interior, aumentando a saúde e a qualidade de vida. Possibilita também o controle do estresse, de angústias, ajudando na concentração além, é claro, da defesa do povo

 

 O ‘mestre’ de uma ‘escola’ de Kung Fu é conhecido pelos estudantes como "shi-fu". O "shi-fu" é uma pessoa altamente versátil que possui além da defesa pessoal, conhecimento em medicina, filosofia, cultura chinesa, literatura e etc. O si-fu não é somente um professor de artes marciais, é também responsável em guiar e agir como o exemplo para os estudantes. Uma frase muito comum no Kung Fu é que "o estudante começa numa sala escura enquanto o mestre está sob a luz do sol". Esta frase, demonstra quão importante é o sih-fu no desenvolvimento de não somente as habilidades dos estudantes, mas, também a atitude e a filosofia.